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Inauguração do Museu "Casa João Goulart".








 

São Borja – Memorial atrai 100 visitantes/dia

NotíciasRio Grande do Sul • 10 de novembro de 2009 por Silvana Losekann

O Memorial João Goulart, inaugurado no dia 1º de outubro em São Borja, registrou uma média de 100 visitas diárias no primeiro mês de atividades, ou um total de 3.152 visitantes. A superação na expectativa de público determinou que a equipe de apoio fosse reforçada. O Departamento de Assuntos Culturais da Secretaria de Educação, instalado no espaço, é responsável pela manutenção do Memorial.

Os visitantes do espaço cultural são, na maioria, estudantes e turistas, segundo a coordenadora, professora Jaqueline Cassafuz. Porém, ex-colaboradores e simpatizantes do presidente João Goulart também estiveram na casa.

Anexo ao prédio, o espaço reservado para o artesanato local – que é mantido por artesãos e pela Emater, com apoio da prefeitura – também registrou boa frequência de público. Entre as novidades do espaço, nas próximas semanas será criado um serviço de cafeteria, uma das fontes de receita e manutenção da casa.

O Memorial João Goulart recebeu obras de restauro no valor de R$ 1 milhão da Lei de Incentivo à Cultura, através da empresa AES Sul, governo do Estado e município. O imóvel foi tombado em 1994 e fica na avenida Presidente Vargas, 2033, no Centro de São Borja.

INAUGURAÇÂO.



Autoridades presentes no palanque de inauguração do Memorial "Casa João Goulart" em São Borja, terra natal de JANGO.





Assinatura do Convênio entre a Universidade UNIPAMPA e o Instituto Presidente João Goulart- IPG.





FOI INAUGURADO NO ÚLTIMO DIA 1° DE OUTUBRO O MEMORIAL "CASA JOÃO GOULART".
A SEGUIR OS DISCURSOS PROFERIDOS PELOS DIRETORES JOÃO VICENTE GOULART E CHISTOPHER GOULART;



A seguir a íntegra do discurso de João Vicente Goulart:


São borjenses!

Exmos. Sres..........

                  È com satisfação que novamente estamos em São Borja, prestando homenagem a Jango no momento de inauguração do “Memorial Casa João Goulart”.

Quando a família em conjunto decidiu pela doação, através de escritura pública, para o fim específico de que aqui se construiria um museu, - memorial que preservaria a memória e lutas do Presidente João Goulart, o Jango de São Borja, sabíamos que estávamos contribuindo não só pela preservação de sua memória, mas estaríamos também contribuindo pela preservação da memória nacional, pelo legalismo da Pátria e pelas lutas dos direitos sociais pelas quais Jango tanto lutou e morreu.

Já havímos fundado o Instituto Presidente João Goulart, entidade esta envolvida no debate nacional sobre a conduta da ditadura e a perseguição de Jango quando este se encontrava no exílio, assim como empenhada na transformação da sociedade brasileira.  Nossa luta, é resgatar não somente o acervo físico da memória deste inconteste líder trabalhista, mas também resgatar o acervo político e espiritual de quem foi assassinado no exílio lutando pela liberdade tombada pelo sangue e o sacrifício de tantos outros brasileiros que ficaram pelo caminho.

                              

Muita gente desconhece o estímulo que nos envolveu neste debate, mas além do compromisso com a memória de meu pai, é importante anotar a nossa indignação quando o Embaixador americano, dentro de nosso território, diante da apatia geral, disse para nosso espanto que havia violado a soberania nacional em 1964, usando U$ 5.000.000, para comprar deputados e senadores que vieram a legalizar o golpe.

 

            A promoção e as vendas de uma biografia em português deste embaixador (e agente do CIA), confessando o patrocínio do Golpe militar de 1964 pelo governo norte-americano daquela época, representou o fim de qualquer polêmica sobre a queda da democracia ter sido promovida por uma intervenção externa, pois o Departamento de Estado Norte-Americano confirmou o fato em 2004 mediante a desclassificação dos documentos secretos norte-americanos.

 

            A apatia geral foi sintomática e revela o quão profunda foi a intervenção no país, pois quanto mais nos debruçamos nos documentos desclassificados, mais transparente fica a derrota sofrida  por nosso país na guerra fria. Perdemos uma guerra não declarada, promovida por meio de “ações encobertas ou espoliativas”.

Este é resgate que queremos! Denunciar a manipulação histórica que fazem com a figura de Jango.

 

O edifício republicano do Estado de Direito ruiu, a corrupção campea solta nos gabinetes de todas as esferas e a população se dividiu em facções, o policiamento de zonas pobres e periféricas foi desmobilizado, os quartéis foram mobilizados em periódicas insurreições contra a autoridade civil orquestradas por agentes convertidos, a economia foi manipulada, tudo para manter uma crise perene e um clima de insegurança favorável a instalação de um regime de exceção, em 1964 subordinado à esfera da potência hegemônica, no caso os Estados Unidos da América, e que até hoje deve ser corrigido em nossa sociedade republicana.

Começa neste ato por São Borja a elucidação destes fatos históricos!

A eleição de 1950, o suicídio de Getúlio Vargas em 1954 e a Cadeia da Legalidade que legitimou a posse de Jango em 1961 adiaram a rendição do país, mas a intervenção se tornou mais contundente com a inusitada resistência pacífica e civil que anulou todo o trabalho de subversão da ordem interna. O Brasil teimava em ser mais do que uma reserva estratégica de matéria-prima. Teimava com Jango em ser uma potência emergente e soberanamente livre.

 

Enquanto Janio renunciava os norte-americanos sabiam que o comunismo era incipiente no Brasil como mais tarde reconheceu Kennedy em anotações publicadas e destacadas pelo professor Darcy Ribeiro na década de 80 – na verdade eles temiam eram os nacionalistas. No fim, o aparato do plano de 1961 serviu de suporte logístico para outras “Operações militares”. ( Brother Sam, Popeye, Mosquito e etc.).

A verdade é que uma invasão militar em território brasileiro representava um revés para o discurso público sustentado por mais de uma década pelo Departamento de Estado norte-americano interna e externamente. Se o parlamentarismo adiou a invasão, a cláusula do plebiscito mantinha a possibilidade do Governo Jango, recuperando o regime presidencialista, conseguir ratificar o acordo de Pequim mais adiante, e que fora pactuado por Jango em sua histórica viagem á China em 1961.

 

O governo Jango começava a desenvolver um projeto coerente para desenvolver o país.

Jango reuniu um conjunto de homens notáveis engajados com uma agenda de interesses nacionais, que foram listados e marcados no ano de 1962, conforme um relatório dos serviços de inteligência que escapou da queima de arquivos do SNI. A maioria dos homens ali listados foram perseguidos e cassados em 1964.

 Os documentos desclassificados mostram que uma das metas do golpe militar foi destruir a liderança de Jango na América Latina, como ficou constatado na posição brasileira assumida em defesa de Cuba na crise dos mísseis em 1962.  Os norte-americanos se preocuparam em medir a queda do prestígio brasileiro após 1964, solicitando relatos específicos de suas embaixadas em toda América Latina. Em 1969, a liderança brasileira tinha se esvaído pelo conteúdo destes relatórios.

São estas constatações históricas que atos como este, hoje aqui em São Borja, são importantes para as futuras gerações entenderem o que se passou em nosso Brasil nos idos de 1964.

Recentemente me foram encaminhados pelo presidente da Câmara Federal Dep. Michael Temer a íntegra da CPI dos IPES e dos IBADES que houve em 1963, presidida pelo inesquecível Dep. Ulisses Guimarães, onde estão os nomes dos parlamentares que foram financiados pelo dinheiro da CIA, ao qual se referiu o réu confesso ex-embaixador americano Lincoln Gordon e que através do voto comprado legitimaram a ditadura, declarando vaga a presidência da República com o seu chefe de Estado dentro do território nacional.

São estas constatações que o IPG quer através de pedido de ação civil pública ao Ministério Público Federal, e que este venha a se manifestar e investigar as circunstâncias do assassinato de Jango.

            A soma de todas as ações encobertas ou espoliativas praticadas no Brasil desde a queda do governo de Getúlio Vargas em outubro de 1945 até o dia 01 de abril de 1964, tornou impossível evitar o golpe militar. Nem é o caso de se dizer que os estadistas brasileiros ignoravam a subversão do Estado de Direito, tanto Vargas quanto Jango diagnosticaram o perigo. Getúlio, seis meses antes do suicídio em entrevista à imprensa. Jango quando pediu ao congresso, a decretação de estado de sítio que para seu constrangimento foi repudiada pelo próprio PTB, tal a cegueira que acometeu os ânimos de todos na época.

Então São-borjenses, tão importante quanto inaugurar-mos esta casa, é também conhecer a luta de Jango pela emancipação do Brasil.

João Goulart vestiu o manto de “estadista” ao recusar envolver a nação brasileira num conflito sangrento. Recusou uma guerra civil planejada e cultivada pela potência militar hegemônica. Recusou a possibilidade de uma cisão territorial como as que ainda dividem países asiáticos como a Coréia. A mensagem contida na sua desistência de resistir no dia mentira, o 1° de abril, em 1964, não pode ter passado despercebida para os analistas de informações.

O recuo de Jango e seu exílio tinham uma configuração semelhante ao exílio voluntário de Vargas que antecedeu sua consagração pelas urnas em 1950. De Gaulle deve ter deixado uma impressão profunda no presidente que assumiu o cargo sem ter ganhado sequer a eleição do Clube militar (de 1962), quando manifestou a Castello Branco que o Brasil não era um país sério, pois o mesmo tinha se comprometido com o restabelecimento da ordem jurídica interna, levando até Juscelino a acreditar nele com seu voto, pensando que daria eleições em 1965, posição que colocava em xeque todo o resultado obtido pelos norte-americanos e seus aliados internos. Jango poderia voltar.

E isto são-borjenses a ditadura não podia permitir. E anos depois, com a abertura Jango poderia se tornar novamente presidente da república e aí sim implantar as reformas de base que até hoje este país necessita.

            A juventude de Jango continuou a pesar como uma ameaça sobre a intervenção no país, pois a redemocratização poderia reconduzi-lo a presidência e ao resgate de uma agenda soberana. No exílio, Jango defendeu a idéia de uma resistência pacífica, condenando o uso das armas que servia de justificativa para o endurecimento e manutenção do regime militar. Daí a preocupação da CIA em mandar um importante agente de campo vigiá-lo no Uruguai em 1965, nada mais nada menos que o responsável pela criação do serviço de informações do Itamaraty, o famigerado CIEX do embaixador Pio Corrêa.

 

A queda da democracia brasileira teve um efeito dominó sobre toda a América Latina e os norte-americanos conseguiram imprimir seu domínio sob a forma de ditaduras militares sob a bandeira da doutrina de segurança nacional. A queda de Salvador Allende em 11 de setembro de 1973 foi o ponto culminante da intervenção da CIA no continente. A queda do governo chileno completou o trabalho de intervenção e submissão da América Latina à vontade do poder hegemônico. Daí em diante não havia mais sentido em defender a implantação de ditaduras militares para combater o comunismo, quando Nixon tinha ido à China negociar um acordo de cooperação econômica para salvar a economia do desastre provocado pela queda da cotação do dólar, quando deixou de ter lastro em ouro.

 

A cooperativa do Terror monitorada pelo comitê dos 40, supervisionada pelo senhor Henry Kissinger tratou de eliminar esta ameaça executando um programa de assassinatos seletivos cuja vitrine mais conhecida é a Operação Condor. No caso de João Goulart existem denúncias sérias de que o mesmo foi vítima de um envenenamento mediante o uso de uma espécie de concentrado de cloreto de sódio produzido em forno de autoclave que consta da lista de venenos do projeto Andrea, produzidos com tecnologia da CIA e dirigido por “Hermes”Berríos e Michael Townley, na casa de “Lo Naranjo” em  Lo Cullo, Santiago do Chile.

Temos que resgatar a luta de Jango, empenhando-nos no seu entendimento e conhecendo as ações do Condor para com os líderes Latino-americanos. Vários deles foram exterminados, Jango era o quarto da lista. Temos que relembrar-los para não esquecer que as histórias da Pátria foram conquistadas com resignação e sacrifícios pessoais.

            O processo de afirmação de soberania e identidade começa com uma reflexão de cunho político e histórico cujo eixo é a queda da democracia em 01 de abril de 1964 e o processo de “americanização do Brasil”.

O pacto fundamental (Carta Magna) foi violado e o país nunca realizou um verdadeiro balanço do impacto que a queda das instituições democráticas teve sobre a “Coisa Pública”, a Res. Publica.

Falar de Jango é falar dos interesses do Brasil. O resgate do Brasil de Jango inclui desde a conscientização coletiva sobre a violação de nossa soberania, revelando a natureza deste processo histórico até uma atualização e elaboração criteriosa da uma Agenda de Interesse Públicos Nacionais.

 

O trabalho de revitalização da Memória Nacional e o papel do Presidente João Goulart na queda da emergente potência brasileira revelam uma gama de tarefas que só podem ser realizadas dentro de um planejamento sistêmico e abrangente. Nem o Estado, nem o governo e nem os empresários, nem as organizações sindicais ou partidos políticos, nem as universidades, ONGS ou OSCIPS, ou qualquer organização ou indivíduo altamente qualificado possui meios e recursos para realizar um exame acurado e compor um quadro sobre o qual seja possível desenvolver um projeto, uma agenda para o país.

O desafio do Instituto Presidente João Goulart é atualizar as propostas de reforma de base do Estado, preservando princípios que consagram sua memória:

 

·        Independência e Autodeterminação dos Povos

·        Diálogo, Democracia e Legalidade

·        Desenvolvimento, Capitalismo e Justiça Social

·        Educação e Inclusão Social

·        Organização e Eficiência Administrativa

·        Cooperação Internacional Econômica e Política

·         Resistência Pacífica e Pensamento Soberano.

·        Agenda de Interesses Nacionais

Além da revisão e atualização do pensamento Janguista, reivindicaremos para o Brasil um projeto de Nação calcado na reforma do Estado, que urge na necessidade imediata da adaptação das “Reformas de Base” a este novo tempo que vivemos.

O IPG procura fazê-lo através de convênios com varias universidades do Brasil e de forma acadêmica, com um amplo debate de oficinas pensantes através de uma intranet, premiando as melhores teses em debate, sem o ranço político-partidário já tão desgastado na frente da opinião pública. Após este profundo debate acadêmico tranformaremos estes estudos em uma proposta ao Congresso Nacional.

 

            Na planificação de atividades de resgate da memória do presidente João Goulart do IPG, a construção do Memorial Presidente João Goulart em Brasília, projetado pelo ilustre professor Oscar Niemeyer, junto as homenagens oficiais e a cerimônia fúnebre darão o tom adequado sobre a necessidade de uma reflexão ampla, uma diagnose acurada diante da apresentação de um relatório sobre a perda da soberania em 01 de abril de 1964 lastreado na pesquisa à luz dos documentos secretos desclassificados históricamente sobre as raízes da crise republicana brasileira.

Conclamamos a todos aqueles que em nome da verdade histórica de nossa nação, venham a ter a pressão no peito de lutar pelos verdadeiros direitos constitucionais de nosso Brasil, unam-se a nós no estudo profundo de nossa nacionalidade, no estudo sério da reforma do Estado Brasileiro para que a exclusão de tantos irmãos que vivem ainda por debaixo da faixa de pobreza e pelos quais Jango, tanto lutou e morreu, possam a vir no futuro, ter uma Pátria solidaria e sem exclusão, com uma melhor distribuição de renda e onde os que hoje são marginalizados pelo sistema econômico, tenham iguais direitos que as elites prepotentes que derrubaram João Goulart através do golpe e que até hoje detém o poder em suas mãos.

Estamos dando aqui em São Borja o primeiro passo para um futuro e melhor conhecimento da historia de Jango, que se confunde com a história da soberania brasileira.

Ao despedir-me queria dizer o quanto é importante estar hoje aqui em São Borja com o nosso povo, o povo de Jango, e mais ainda dizer a vocês como é bom vir a estes pagos para revitalizar a nossa vida com a história de nossos mortos.

Parabéns São Borja de Getúlio e de Jango!

 

 A seguir a íntegra do discurso de Christopher Goulart:



Senhores e senhoras,

Inicialmente gostaria de agradecer profundamente aos apoiadores para a concretização deste sonho de longa data, que hoje inauguramos nesta amada cidade natal do Presidente Jango.

O Memorial Casa João Goulart carrega a marca do Governo do Rio Grande do Sul, da Prefeitura Municipal de São Borja, da AES Sul, do Instituto João Goulart. Não poderia esquecer também o apoio concedido pelo saudoso ex-prefeito de São Borja Juca Alvarez, bem como de tantos cidadãos que contribuíram de todas as formas para a realização deste ato.

Pois hoje, nesta data tão marcante, pronuncio-me representando o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, o Movimento de ex-presos e perseguidos políticos, e principalmente a Associação de Amigos do Presidente João Goulart.

Tenho o orgulho de compartilhar com a cidade de São Borja, com o Rio Grande do Sul a inauguração do primeiro Museu do Presidente Jango no Brasil.

Este, sem dúvida, é um primeiro passo de um longo caminho da restauração histórica e política do destino de Jango na memória pública nacional.

Começa em São Borja, sua terra, nesta homenagem nacional que lhe prestam os seus concidadãos, familiares, companheiros políticos e amigos, a propagação do estudo da biografia de Jango, e sua efetiva contribuição republicana para colocar em prática no nosso país o conceito de justiça social.

Já é tempo de sacramentarmos o significado da interminável noite de sombras que abateu o Brasil naquele 1° de abril de 1964, que afastou Jango do convívio de sua Pátria.

É tempo de que todos os brasileiros conheçam profundamente as conseqüências nefastas, daquela vergonhosa interrupção arbitrária da Democracia, que através da violência exercida contra os direitos individuais mais elementares dos cidadãos, interrompeu o progresso do país.

Jango foi o único presidente a falecer no exílio, e hoje retorna para a sua casa, para retomar sua trajetória política barrada em 1964 pela força das armas.

Junto ao povo de São Borja, junto ao povo do Rio Grande do Sul, João Goulart volta para novamente guiar os destinos da Nação, através das reformas de base, tão fundamental ainda hoje, para reformar as velhas instituições e estruturas viciadas, que impedem nosso desenvolvimento soberano.

No período em que governou o país, tempos de radicalização da Guerra Fria, as armadilhas da intervenção externa eram constantes, contrariando sua diretriz de autodeterminação dos povos.

Tempos em que as elites nacionais e internacionais sabiam do risco que corriam seus interesses econômicos, quando Jango, em histórica mensagem ao Congresso nacional, depois de haver restabelecido o presidencialismo em 1963, propunha as reformas de Base.

A verdade é que seu projeto de Nação visava implantar no Brasil um modelo econômico mais propicio de distribuição de renda, eminentemente nacional, voltado ao mercado interno fortalecido e voltado para uma política externa independente, sem determinações orientadas pela política econômica de outros países.

Hoje a academia já reconhece o que muitos precisavam esconder durante uma ditadura de longos 21 anos: ocorreu, sim, em nosso país, um golpe de Estado orquestrado, pois Jango tinha muito apoio da grande maioria da população brasileira.

Seu projeto reformista contrariava os interesses econômicos de fortes grupos que até hoje interferem nos rumos do país.

Gradativamente, a sociedade vem assimilando o país que um dia o Presidente João Goulart sonhou a mais de 45 anos atrás. O processo é lento, mas certamente é contínuo e permanente. A História se impõe, e as verdades aparecem. E o resgate deste legado político, a retomada da mensagem de Jango passa obrigatoriamente pelo coração de São Borja.

O desafio que a história hoje nos impõe, aponta no sentido de desmascarar tantas mentiras, que atacavam a um homem que sequer teve a oportunidade de se defender em vida. Por isso, após 32 anos de sua morte, Jango retorna para sua casa, para consolidar um sentimento de justiça que o Brasil lhe deve.

Queremos, com atitudes como esta que hoje presenciamos em São Borja, contribuir cada vez mais para o aprimoramento do estudo científico da história, que a cada dia mostra mais e mais a destemida atitude de Jango de não reagir ao golpe, ciente do massacre que ocorreria.

Jango entra para a história por ter evitado não apenas uma, mas duas guerras civis, evitando a irresponsabilidade de jogar nosso país numa guerra fratricida.

Damos aqui, apenas o primeiro passo nesta caminhada de reposicionar Jango no contexto de nossa história. O caminho será longo e penoso. Mas sabemos que estamos no caminho certo. E para continuarmos nesse caminho, é decisiva a participação direta do povo do Rio Grande do Sul neste resgate histórico tão necessário.

Jango continua conosco!

Jango segue vivo no coração dos brasileiros!

E com iniciativas como a consolidação do Memorial Casa João Goulart, ele estará prontamente no mastro, que conduzirá a bandeira de libertação física, econômica e social que este país precisa rediscutir ordeira, pacífica e soberanamente.

Com seu exemplo estamos dispostos a cumprir nossa missão: informar ao Brasil sobre a necessidade urgente de firmar as reformas estruturais, e avançarmos unidos em direção ao nosso futuro.

Muito Obrigado.




Em agosto  será inaugurado o Museu Presidente João Goulart, localizado em São Borja. Após a obra de restauração, a casa onde nasceu e cresceu o presidente João Goulart estará aberta ao público, enriquecendo cultural e historicamente o Brasil.

 

O Instituto Presidente João Goulart conta com o apoio de diversos órgãos e entidades para a realização do empreendimento, está inclusive, firmando um convênio com a prefeitura do Rio de Janeiro.

Confira a obra em andamento no site do fotógrafo Eduardo Aigner:

-maio 2009;

-janeiro 2009;

-setembro 2008;

-julho 2008.

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